Este
livro mostra uma visão bem mais clara sobre a profissão de repórter. Aqui,
percebemos pra que serve realmente o jornalismo e como ele funciona. Além de
mostrar, é claro, como se faz uma reportagem em todas as suas fases e quais são
suas consequências. Ricardo Kotscho conseguiu colocar nessa obra a sua própria
experiência de vida, ele não apenas colocou trechos de reportagens, mas colocou
detalhes sobre a produção e apuração de cada matéria do ponto de vista
jornalístico. Pra mim, apenas estudantes de jornalismo ou jornalistas se
interessariam na leitura deste livro e lhe dariam a devida importância. Pra
quem não tem prática em reportagem, esse realmente é o livro base que todos os
que querem ser repórter deveriam ler.
O
livro é do ano de 2004, porém, Ricardo colocou trechos de reportagens suas que
datam épocas muito mais antigas, mas mesmo sendo escritas há muito tempo, os
temas por ele abordados ainda são atuais como enchentes, fome, miséria, roubo,
corrupção, etc. A forma com que ele escreve envolve o leitor, não é uma leitura
cansativa, muito menos chata. Ela é interessante e rica de informações para os
jovens jornalistas.
Em
apenas 80 páginas, Kotscho nos mostra um pouco de sua experiência de vida em
cada tipo de reportagem. Na página 19 por exemplo, um item me chamou muita
atenção quando ele diz sobre a importância de repórter e fotógrafo trabalharem
juntos, essa matéria dele me deixou fascinada justamente por mostrar algo que
eu mesma vivi. Sempre concordei que “o cara da imagem” e “o cara do texto”
devem andar sempre juntos, pensar juntos e conversar muito sobre o tema que
estão apurando e suas ideias. “Repórter e fotógrafo têm que trabalhar sempre
juntos”, escreveu Ricardo, isso é necessário para o bem de uma boa reportagem.
Na minha experiência, em dias de conflito entre repórter e câmera, a apuração e
matéria final não ficavam boas, ou seja, o relacionamento dessas duas pessoas é
muito importante e reflete diretamente no resultado final da reportagem.
Ricardo
conta suas experiências dentro da redação, de relacionamento com chefes e
colegas de profissão, de apuração, de produção, de viagens curtas e longas, de
grandes coberturas e pequenas matérias, como achar fontes, como tratar as
fontes e como ser um jornalista com reponsabilidade social. Outra coisa que
achei muito interessante foi a parte que ele fala o que fazia quando não se
tinha nenhuma notícia para cobrir. É preciso ir pra rua, lugar de repórter é na
rua. Pegar o fotógrafo e dar uma volta, ver de perto a realidade das pessoas e
quem sabe achar um fonte com uma boa história para contar, afinal, o jornal não
pode deixar espaços vazios, é preciso ir atrás do conteúdo. Legal também é saber
dos desdobramentos que a matéria pode ter dentro do jornal de acordo com o fato
e a reação do público, o mesmo assunto pode sair em várias edições do jornal
com informações e pontos de vistas diferentes.
Mais
a reportagem dele neste livro que mais me marcou foi a que esta na página 66, o
título que o autor colocou é “A fome tem nome”. Identifiquei-me muito com esta
matéria, adoraria apurar um tema parecido. Em geral eu não gosto muito de
reportagens com cunho social, mas essa do Kotscho passou pra mim o que eu acho
que deveria ser a essência de todas as matérias jornalísticas, que é a
responsabilidade social. É lindo imaginar o quão grande é o poder das palavras.
Neste caso, Ricardo Kotscho conseguiu mudar o mundo com sua reportagem, sim,
ele mudou o mundo daquela família que passava necessidades e mostrou ao público
uma realidade que a maioria das pessoas nem se preocupa em enxergar.
Em
geral, é um livro muito bom, com conteúdo interessantíssimo, leitura
obrigatória para quem quer ser jornalista. E o autor é um grande repórter que
com certeza ganha um novo fã a cada pessoa que lê este livro.
Por Alessandra Maria